Alexandre Monteiro considera que o líder do Chega exibe traços “narcisistas” e usou a situação clínica como estratégia de comunicação emocional durante a campanha
A recente emergência médica que levou André Ventura a ser hospitalizado por duas vezes durante a campanha eleitoral continua a gerar reações. Embora a gravidade da situação de saúde tenha sido confirmada por fontes clínicas — nomeadamente a realização de um cateterismo cardíaco e episódios de espasmo esofágico — o analista comportamental Alexandre Monteiro levanta dúvidas sobre a forma como o presidente do Chega geriu publicamente o episódio.
Em declarações públicas, Alexandre Monteiro, autor de obras como “Os Segredos que o Nosso Corpo Revela” e “Torne-se um Decifrador de Pessoas”, afirmou que o político “aproveitou-se da doença” para reforçar a sua imagem e gerar empatia junto do eleitorado. O especialista em comunicação não-verbal e linguagem corporal destaca que Ventura exibiu atitudes características de um perfil “narcisista”, ao transformar uma fragilidade pessoal numa possível ferramenta de capital político.
“A forma como se apresentou à imprensa, sublinhando o seu sacrifício pessoal e lamentando não poder continuar na campanha, denota uma tentativa clara de dramatizar a situação”, afirmou Monteiro. Segundo ele, o discurso emocional, associado a expressões de sofrimento e ao apelo à compreensão do público, é frequentemente utilizado por figuras públicas para consolidar apoio em momentos de vulnerabilidade.
A opinião do analista não ficou isenta de polémica. Nas redes sociais, muitos apoiantes do Chega consideraram as declarações ofensivas, enquanto críticos do partido partilharam o ponto de vista com comentários como “Ventura faz sempre campanha, mesmo do hospital”.
Recorde-se que Ventura teve alta hospitalar na passada quinta-feira, depois de dois episódios de mal-estar durante ações de campanha. Apesar de os exames não apontarem para problemas cardíacos graves, os médicos aconselharam repouso absoluto. O líder do Chega anunciou, com “muita pena”, que estaria fora do restante percurso eleitoral — mas não deixou de comunicar com a imprensa, agradecendo o apoio recebido e reforçando a sua posição política.
