Líder do Chega abre o coração em entrevista com Manuel Luís Goucha e fala sobre o impacto da perda dos avós na decisão de adiar a paternidade.

Durante uma conversa emotiva com Manuel Luís Goucha, André Ventura partilhou um lado mais pessoal e pouco conhecido do público. O líder do partido Chega, de 42 anos, falou abertamente sobre o seu desejo de ser pai, algo que ainda considera possível, mas que tem sido constantemente adiado devido às exigências da sua carreira política e ao trauma ligado à perda recente dos avós.
“Não sou pai, gostava de ser. Ainda tenho essa esperança porque tenho 42 anos…”, começou por dizer. Ventura explicou que a sua entrega total à vida política tem dificultado a concretização deste sonho. No entanto, o que mais o tem feito refletir sobre o assunto é a dor que carrega desde a morte dos seus avós, um acontecimento marcante que, segundo o próprio, o fez repensar profundamente o conceito de família.

Com emoção na voz, André Ventura confessou sentir culpa por não ter estado mais presente nos últimos anos de vida da avó paterna, que esteve num lar desde o início da pandemia. “Não a consegui visitar a maior parte das vezes. Quando ela faleceu eu estava em campanha autárquica”, desabafou. Mas foi a ausência nos funerais dos outros dois avós que mais o marcou: “Foram pilares na minha vida e não consegui estar com eles no fim. Tínhamos um debate parlamentar importante. Isto custa a um cristão”, afirmou, visivelmente abalado.
Esta experiência pessoal levou o político a uma dura reflexão sobre a sua capacidade de conciliar a vida pública com a paternidade. “Quando isto acontece, perguntamo-nos se vale a pena constituir família se não conseguimos dar à família que nos acompanhou esse tempo. Ser pai é mais do que um desejo — é um compromisso”, declarou. Ventura deixou claro que, apesar do desejo de ser pai, só avançará com essa decisão se sentir que será um pai presente e dedicado.

O líder do Chega concluiu com uma nota de esperança, mas também de exigência consigo próprio: “Espero ser um pai como o meu foi, e melhor pai do que fui neto.” Com esta confissão rara, André Ventura deu a conhecer um lado humano que raramente surge no debate político, tocando num tema que afeta muitos portugueses — a dificuldade de equilibrar vida profissional e laços familiares.