André Ventura Lança Ataque Explosivo ao Orçamento de 2025: “É Tempo de Mudar!

O debate final sobre a proposta de Orçamento do Estado para 2025 no Parlamento foi palco de um confronto político intenso, culminando num discurso inflamado do líder do Chega. André Ventura atacou violentamente o documento, classificando-o como uma continuação dos “vícios” do Partido Socialista e acusando o governo de Luís Montenegro de hipocrisia e inação.

Ventura afirmou que o orçamento mantém a “lógica perversa” de tributar quem trabalha e produz para distribuir recursos. Citou a previsão de que a carga fiscal atingirá 34,7% do PIB no próximo ano, contradizendo, na sua opinião, as promessas de alívio para a classe média e empresas. “É um orçamento viciado em cobrar impostos”, declarou perante a Assembleia da República.

Num momento de grande impacto, o deputado citou o secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, que também teria criticado a proposta governamental. Ventura usou as palavras do socialista para argumentar que o PS se tornou uma “muleta desnecessária e inútil da governação”. A crítica visou a decisão do partido de deixar passar o orçamento apesar das suas reservas.

O líder do Chega também atacou a proliferação de “grupos de trabalho” criados pelo executivo de Montenegro. Afirmou que, em 20 meses, a atual governação criou 89 grupos, o triplo do que era feito por António Costa. “Se o que o país precisa é de trabalho e riqueza, ou é de mais cargos e mais grupos de trabalho?”, questionou, defendendo um Estado mais leve.

Ventura assumiu com orgulho o papel do seu partido em “desvirtuar” a proposta inicial do governo em várias frentes. Enumerou como vitórias o congelamento do aumento das propinas universitárias, a eliminação de portagens em alguns troços das autoestradas A6, A2 e A25, e a aprovação de um suplemento de patrulha para a PSP e GNR. “Desvirtuamos o orçamento. Paciência. O orçamento é para as pessoas e não para o governo”, justificou.

A defesa dos empresários foi outro ponto central. Ventura afirmou que a descida do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (IRC) se deve à intervenção do Chega. Acusou o PS de querer “disfarçar uma artimanha” para subir pensões à custa das empresas, uma manobra que o seu partido bloqueou. “Fizemos pelos milhares de empresários que sustentam um país onde a carga fiscal e a burocracia são enormes”, disse.

Sobre as pensões, o líder do Chega considerou-as “miseráveis” e criticou a proposta do governo de aumentar o subsídio de refeição em apenas dez cêntimos. Disse preferir, “de fundo e de coração”, acabar com todas as pensões vitalícias e com o Rendimento Social de Inserção (RSI) para dar um subsídio digno a quem trabalha. A declaração gerou reação imediata no hemiciclo.

Ventura abordou ainda o tema das creches, defendendo que o acesso deve priorizar os pais que trabalham e, dentro destes, os portugueses. “Temos que acabar com esta ideia de que é tudo igual ser português ou não ser”, afirmou, sublinhando uma posição que tem sido uma marca da sua retórica política. Defendeu que quem construiu o sistema social deve ter prioridade no seu usufruto.

Para concluir, o deputado pintou um quadro sombrio da administração pública, afirmando que 50% das empresas públicas dão prejuízo e 35% estão falidas. Denunciou uma “máquina infernal” de instituições que “suga os nossos impostos”. A escolha, defendeu, era entre alimentar essa burocracia ou devolver rendimento às famílias. “A alternativa não está do lado esquerdo. A alternativa somos nós”, finalizou, sob fortes aplausos da sua bancada e vaias da oposição.

O discurso traçou linhas vermelhas claras e reafirmou o Chega como um ator disruptivo, disposto a condicionar a governação. O tom foi de confronto total com o PS, mas também de pressão sobre o PSD, misturando crítica fiscal, bandeiras identitárias e uma defesa agressiva de um Estado mínimo. O ambiente no parlamento permanece eletrizado à espera da votação final.