Ventura na RTP: ‘Estou Pronto para Revolucionar Portugal e Combater a Corrupção!’

Em entrevista à RTP, o candidato presidencial André Ventura apresentou-se como a força necessária para um “abanão” no sistema político português. O líder do Chega afirmou que a sua candidatura é uma “missão” para pôr o “país na ordem”, prometendo uma presidência interventiva e combativa, longe do que classifica como um cargo meramente simbólico.

Ventura, que se diz em condições de vencer as eleições, criticou duramente os 50 anos de democracia, acusando o regime de ter permitido uma “corrupção endémica” e uma “casta” de políticos que enriqueceu à custa do país. Defendeu que a Presidência da República deve ser um epicentro de transformação, utilizando a sua influência para combater a corrupção, a imigração descontrolada e o que chamou de “bandalheira” em várias áreas.

Questionado sobre os poderes presidenciais, o candidato afirmou que não será um “corta-fitas”. Prometeu usar a tribuna de Belém para um escrutínio firme do governo, especialmente em casos de suspeita de corrupção, e para defender que os portugueses tenham prioridade no acesso à saúde, habitação e segurança social. “Se tiver que escolher entre ser o presidente dos portugueses ou dos imigrantes no acesso à saúde, serei dos portugueses”, declarou.

Sobre a questão da imigração, Ventura foi perentório. Afirmou que ser português “sente-se” e não é igual a ter uma nacionalidade, defendendo regras mais duras para a entrada e permanência no país. Rejeitou acusações de que o seu discurso incentiva a intolerância, argumentando que é necessário falar com frontalidade sobre temas como o cumprimento da lei por parte de todas as comunidades.

O líder do Chega também não poupou críticas aos seus principais adversários, referindo-se a Marcelo Rebelo de Sousa, António José Seguro, Mariana Mortágua e João Gonçalves Pereira (G. Melo) como representantes de um status quo que precisa de ser quebrado. Disse acreditar, com base nas sondagens, que irá à segunda volta, deixando a escolha do adversário ao eleitorado.

A entrevista foi marcada por momentos de tensão, com Ventura a acusar a RTP de um tratamento desigual ao noticiar um caso envolvendo um membro do seu partido em comparação com um deputado socialista. Reiterou ainda convicções polémicas, como a de que o ex-primeiro-ministro José Sócrates “devia estar na cadeia”, estendendo a mesma afirmação ao líder espanhol Pedro Sánchez.

André Ventura encerrou a sua intervenção reafirmando o desejo de ser recordado como o “campeão da luta contra a corrupção”, posicionando-se como a alternativa disruptiva a meio século de poder que, na sua visão, falhou com os portugueses comuns. A campanha para as eleições presidenciais de janeiro promete assim ser fortemente marcada por este apelo a uma rutura e a uma redefinição do papel do Presidente da República.