No entanto, não acontece o mesmo com todos. E, como muitos portugueses, também Carlos Areia sofreu pela falta de recursos. De acordo com a esposa, não havia ambulância para transportar o marido, de 81 anos, com uma fratura no pé, tendo que se deslocar no carro para a unidade de saúde.

“É impossível ficar indiferente ao que está a acontecer no nosso Serviço Nacional de Saúde. Falamos muitas vezes da crise do SNS como quem comenta notícias ao longe. Até ao dia em que nos toca. E quando toca, percebemos o tamanho do abismo. Como é que se permite que a base da dignidade humana, o direito à saúde, esteja a desmoronar à nossa frente? E, ainda assim, ouvimos a Ministra dizer que ‘está tudo bem’. Como assim? Onde? Para quem?
Transportei o meu marido no nosso próprio carro, porque não havia ambulâncias disponíveis. Ele estava com o tornozelo partido, em dor extrema, e mesmo assim tivemos de nos desenrascar sozinhos. E penso em quem não consegue.

Pessoas que sofrem um AVC, um enfarte, idosos, crianças, vidas que dependem de minutos. E a verdade dura é esta: ou a ambulância não chega a tempo ou simplesmente não vem, porque não está disponível. E continuo a achar que o nosso sistema de saúde é incrível, feito de profissionais extraordinários que fazem muito com tão pouco. Mas está com falhas graves. Está a desmoronar. E nós estamos a vê-lo acontecer em silêncio, enquanto vidas ficam em risco. Isto é inadmissível. Estamos a falar de pessoas, de famílias, de histórias que podem mudar para sempre por falta de meios básicos. Nós merecemos melhor.”, lamentou Rosa Bela, sobre o infortúnio que o marido sofreu, numa crítica ao serviço público de saúde, depois de uma experiência em que nem tudo correu bem, por falta de meios.