Jornalista compara ascensão do Chega ao início do Nazismo e critica a apatia da sociedade e dos media
A “Noite de Cristal” referida no título da crónica foi um episódio sombrio da história mundial, ocorrido entre os dias 9 e 10 de novembro de 1938, quando forças paramilitares nazis desencadearam uma onda de violência contra a comunidade judaica na Alemanha, destruindo sinagogas, lojas e casas, e assassinando dezenas de pessoas, tudo sob o olhar passivo das autoridades. Para Rodrigo, a popularidade crescente de forças políticas como o Chega reflete um padrão histórico que já se repetiu noutras épocas, e a inércia atual pode estar a preparar o terreno para uma nova tragédia social.

Ao longo da crónica, Guedes de Carvalho critica duramente a desorientação da esquerda parlamentar, comparando-a a “espécies de aves em extinção”, e sublinha que muitos continuam a proclamar vitórias políticas simbólicas enquanto perdem relevância real. “Portugal não ter percebido que andava a dormir” é, para o jornalista, o verdadeiro problema. Também responsabiliza alguns sectores do jornalismo por ajudarem, mesmo que inconscientemente, a dar palco a discursos radicais através da constante exposição mediática, ainda que em tom de sátira.
Rodrigo também refere a existência de uma “moderna maioria silenciosa”, composta por aqueles que reconhecem os sinais da história a repetirem-se, mas que se sentem desorientados e impotentes perante o avanço do extremismo. Segundo ele, o Chega não tomou o poder à força, mas com ironia, e com a cumplicidade passiva de um país que, por vezes, prefere brincar ao invés de refletir. É esse fenómeno, segundo o jornalista, que deve alarmar a sociedade civil.
A publicação da crónica já está a gerar ondas nas redes sociais e no meio político, sobretudo entre os apoiantes do Chega, que rejeitam a associação ao extremismo e à extrema-direita. Ainda assim, Rodrigo Guedes de Carvalho mantém-se firme no seu alerta: a História repete-se, sobretudo quando os sinais são ignorados. A reflexão é incómoda, mas necessária, num momento em que a democracia enfrenta novos desafios e velhos fantasmas.