Um discurso inflamado do líder do Chega, André Ventura, num evento partidário, acendeu o debate político ao lançar duríssimas críticas contra adversários, instituições e minorias, prometendo uma “batalha pela alma da nação”. O tom foi de confronto direto e de ruptura com o que classifica como “normalização da corrupção” e “substituição cultural”.
Perante uma plateia de apoiantes e autarcas, Ventura iniciou a sua intervenção afirmando representar a “esperança de milhões”. Rapidamente, o discurso escalou para ataques pessoais e temáticas controversas. Criticou ferozmente o líder socialista José Luís Carneiro, referindo-se a uma escuta telefónica recente como exemplo da “normalização da corrupção”.
O presidente do Chega dirigiu-se depois a questões de imigração e integração, num tom que definiu como de “patriotismo”. Afirmou que Portugal está num “momento de rotura” em que quem chega “já não vem para integrar, mas para nos transformar”. Prometeu resistir a qualquer “substituição ou invasão cultural”.

Ventura referiu-se também a processos judiciais que enfrenta, incluindo um que envolve a comunidade cigana, classificando-os como “medalhas” que provam estar “no caminho certo”. Dirigiu críticas ao candidato presidencial Marcos Mendes por escolher o cantor Dino Santiago como mandatário, atacando as posições deste sobre o hino nacional.

A gestão autárquica foi outro pilar central do discurso. Exortou os autarcas do partido a serem implacáveis no escrutínio e a cortarem com “mamas”, mesmo que isso custe votos. Citou um exemplo no Porto, alegando que mais de 60% das casas públicas são atribuídas a pessoas com cadastro criminal.

O líder do partido populista fez ainda uma reinterpretação do 25 de Abril, afirmando que a revolução “não vale de nada” se os pensionistas viverem na miséria, a corrupção não parar ou o país for “invadido por imigrantes”. Concluiu com um apelo emocional à defesa dos símbolos nacionais, referindo-se ao incidente em Angola com o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa.
O encerramento foi marcado por vibrantes cânticos de “Chega” e “Portugal”, consolidando o tom nacionalista e de combate. Ventura deixou claro que vê as próximas eleições, particularmente as presidenciais de 18 de janeiro, como um plebiscito à sua visão para o país. O discurso estabelece linhas vermelhas duras e promete uma campanha baseada no confronto político e cultural.