Depois do caso dos alegados abusos no quartel, o comandante considera, apurou a SIC, que não tem condições para continuar no cargo.

O comandante dos Bombeiros Voluntários do Fundão não resistiu ao recente caso de suspeitas de abuso sexual de um colega de 19 anos. Ao que a SIC apurou, o comandante José Sousa considera que não tem condições para continuar no cargo.
Na sequência do caso, recorde-se, foram suspensos por três meses oito dos 11 bombeiros do Fundão detidos por suspeitas de violarem o jovem colega. Todos saíram em liberdade, mas a corporação abriu desde logo um inquérito ao caso.
Perante um juiz, os 11 bombeiros voluntários do Fundão ficaram em silêncio. Acabaram por sair em liberdade, com termo de identidade e residência.
Ainda assim, todos ficaram proibidos de contactar ou de se aproximarem da vítima, e impedidos de falar com outros arguidos do processo.
A Justiça decidiu ainda que oito dos 11 bombeiros ficam proibidos de entrar no quartel e só podem exercer funções em caso de perigo grave para a população. Três bombeiros estão ainda obrigados a apresentações semanais às autoridades.
São suspeitos de crimes de violação e de coação sexual.

Vítima fez a denúncia
A vítima é um bombeiro de 19 anos e foi ele quem apresentou queixa. Terá sido submetido a atos sexuais violentos em setembro, durante os primeiros serviços.
A Polícia Judiciária (PJ) fala numa praxe duvidosa. As alegadas agressões sexuais terão acontecido duas vezes no quartel de bombeiros, no centro do Fundão, e terão sido filmadas.
A investigação contou com o apoio do comando da corporação de bombeiros, que entregou imagens do sistema de videovigilância às autoridades.

A Associação Humanitária dos Bombeiros do Fundão sublinhou, em comunicado, que nem todos terão o mesmo grau de envolvimento e admitiu que, depois de concluída a investigação interna, venham a ser aplicadas medidas disciplinares, incluindo a expulsão dos bombeiros. Entre os arguidos estão um chefe e um subchefe da corporação.
As agressões sexuais foram, prontamente, condenadas pela Liga dos Bombeiros. Já a associação Quebrar o Silêncio, que apoia homens vítimas de violência e abuso sexual, sublinhou que a violência sexual não é praxe e pede que seja feita justiça.