André Ventura ‘atira’ sobre agressão de Will Smith a Chris Rock, na cerimónia dos Óscares, voltou a ganhar contornos inesperados em Portugal depois de André Ventura ter feito um comentário que rapidamente incendiou as redes sociais e o debate político.
O líder do Chega recorreu às redes para reagir ao momento que correu mundo — quando Will Smith subiu ao palco e deu um estalo ao humorista após uma piada sobre a sua mulher. Mas a reação de Ventura foi além da análise do episódio de Hollywood e acabou por transportar a cena para o contexto da política nacional.
“A vontade que já tive de fazer isto na Assembleia da República…”, escreveu André Ventura, numa frase curta, mas explosiva, que gerou de imediato uma avalanche de reações.

Para muitos, a declaração foi lida como uma comparação perigosa entre um ato de violência num evento mediático e o clima de tensão vivido no Parlamento português. Críticos acusaram o líder do Chega de normalizar comportamentos agressivos e de alimentar um discurso que ultrapassa os limites aceitáveis numa democracia. Nas redes sociais, multiplicaram-se comentários a alertar para a responsabilidade acrescida de quem ocupa cargos políticos e para o impacto que este tipo de declarações pode ter no espaço público.
Outros, no entanto, interpretaram as palavras como uma hipérbole, uma forma de expressar frustração perante confrontos verbais constantes e aquilo que Ventura considera provocações recorrentes no hemiciclo. Entre apoiantes, houve quem defendesse que o comentário refletia apenas o “sentimento humano” de alguém que se sente constantemente atacado, sem intenção real de incitar violência.
O certo é que a frase não passou despercebida. Especialistas em comunicação política sublinharam que referências a agressões físicas, mesmo em tom figurado, têm um peso simbólico forte, sobretudo quando vindas de líderes partidários. Num contexto de crescente polarização, qualquer alusão à violência tende a ser amplificada e interpretada como sinal de radicalização do discurso.
Até ao momento, André Ventura não fez qualquer esclarecimento adicional sobre a declaração. Ainda assim, o episódio reacendeu discussões mais amplas sobre os limites da retórica política, o impacto das redes sociais na escalada verbal e a necessidade de separar indignação política de referências a atos violentos.
Entre Hollywood e São Bento, uma coisa ficou clara: uma frase bastou para transformar um comentário sobre os Óscares num novo foco de polémica nacional — e para provar, mais uma vez, que no atual clima político português, nenhuma palavra é neutra.
