Bruno Nunes responde com dureza à crónica do humorista sobre a ascensão da extrema-direita em Portugal: “Esta grande vitória também se deve a palhaços como tu”

O ambiente político e mediático aqueceu depois de Ricardo Araújo Pereira publicar uma crónica no Expresso onde refletiu, em tom irónico, sobre as causas da ascensão do Chega no sistema parlamentar português. O humorista, conhecido pelo seu estilo crítico e mordaz, usou o sarcasmo para comentar o crescimento do partido de André Ventura, o que motivou uma reação inflamável do deputado Bruno Nunes.
Na sua crónica, Araújo Pereira questiona de forma satírica a tendência de culpabilizar elementos externos pelo avanço da extrema-direita: “A culpa é da conjuntura. A culpa é do povo, que é racista, embora 75% do povo não vote no Chega. É dos imigrantes. Não é, certamente, dos baixos salários, da comunicação social, do Presidente da República”, afirmou, antes de concluir ironicamente: “Há de ser só um. Só temos de descobrir qual é. Parece-me fácil. Boa sorte para todos nós.”

A resposta surgiu rapidamente através das redes sociais. Bruno Nunes, deputado do Chega, acusou o humorista de anos de humilhação pública ao partido e aos seus eleitores: “Durante anos fizeste um esforço enorme em ridicularizar-nos. Mentiste, gozaste, tentaste ter piada e humilhar o nosso partido, o nosso presidente, os nossos deputados”, escreveu. A mensagem terminou com um insulto direto: “Obrigado por toda a campanha que fizeste a favor do Chega. Esta grande vitória também se deve a palhaços como tu. Ser palhaço é uma arte.”
A relação tensa entre o humorista e o partido de André Ventura não é nova. Ricardo Araújo Pereira já recusou várias vezes convidar Ventura para o programa ‘Isto é Gozar com Quem Trabalha’, alegando diferenças de princípio. No podcast Despolariza, justificou a sua posição: “A primeira parte do programa é para gozar com eles, a segunda é para gozar com eles. Rir-me com o André Ventura parece-me obsceno. Ele é de facto diferente.”

Este episódio reacende o debate sobre os limites do humor político, liberdade de expressão e a sensibilidade crescente na arena parlamentar portuguesa. Enquanto uns aplaudem a ousadia crítica do humorista, outros acusam-no de alimentar o ressentimento e o crescimento dos extremos políticos através da sátira. Independentemente da opinião, o confronto entre Ricardo Araújo Pereira e o Chega parece estar longe de terminar.